30 de março de 2009

FARINHAR

Vinte anos de idade, dez anos de identificação de amor ao teatro e sete anos de participação com corpo presente em meio dele. Não, com corpo encaixado sendo pedaço dele ou ele em mim.

TEATRO, palavra que soa forte e me impulsiona a viver, e ainda mais por ser farinha de um mesmo saco, farinha de 9 quilos e sete arrobas de combustão. Temos farinha para toda obra e, evidentemente, livres para voar quando e onde quisermos, quem é farinha é forte e não desiste, resiste até o fim, até o fim chegar e o fim chega.

Mas aqui quero falar de meu amor, de meu viver, minha farinha a mais puríssima e a melhor a única. Tantos trabalhos, tantas brigas, tantas raivas, tantas alegrias e conquistas. E briga-se com o ator, diretor, com nós mesmos. E é corpo dolorido, é peito dolorido. Chora-se, perde-se e se ganha muito mais, pois o resultado final sempre vem e, ao contrário de muitos que se realizam com o resultado final nós nos angustiamos muito mais quando o trabalho é bom, porque queremos superar o bom e ir além. Fazemos arte para nós que não vemos quase nunca nada de bom por essas terras, fazemos arte para nosso público que deixa a novela das oito para assistir-nos, para nos dar audiência; teatro é antiguidade mas é novidade, teatro é vivo é cru e nu. Ser ator não é o ato de trabalho somente e sim de necessidade, de veracidade com o seu dever de atuar e o seu compromisso, ser ator é sagrado demais e nada o substitui.

Ser ator é brigar em casa para atuar, é brigar na rua e mostrar que você não é vagabundo, é mostrar todos os dias que somos intelectos de nós mesmos e não devemos nada a ninguém a não ser a nossa personagem que nos suga, ser ator é escrever que não sabe expressar-se “escritamente” e se cagar todo em palavras por que nada o sabe defini-lo. Ser ator é sentir e externar corporalmente em atuação e se mostrar, é suar frio ao escutar MERDA, é delirar ao ver a luz cair e o som aumentar, é gozar ao escutar o aplauso e sentir prazer quando se angustia querendo superar sempre o melhor.

Ser ator é ter farinha no corpo, na alma e no coração cheio de flechas, ter todas as chagas e curar-se a cada dia. Ser ator é ser farinha deste saco imenso que causa inveja e admiração, ser ator é estar todos os dias consagrando esse vício, esse esporro que não alivia. É querer sempre mais e não saciar-se, é amar e envenenar-se.

Ser ator é não ter tempo para o teatro e brigar com todos e ter tempo para o teatro, ser ator é do caralho. Sou eu.


Viva minha farinha, que é pura.

CARLA SOARES

27 de março de 2009

9

 
Hoje, dia Internacional do Teatro, a Farinha Seca comemora noves anos de estrada. No dia 27 de março de 2000, a Cia subia ao palco do auditório do Educandário Oliveira Brito para encenar a peça O Auto da Compadecida, do paraibano Ariano Suassuna. Seu elenco, formado pelos próprios alunos daquele colégio, foi dirigido pelo locutor Alfredo Jr que, a convite da direção do E.O. B manteve uma semana de oficinas de dramaturgia em comemoração ao mês do Teatro e do Circo. Desde então, foram mais de 10 montagens com premiações em festivais baianos de teatro amador.
 
Vai um hino sobre nós todos feito pelo Caetas:
 
Merda
Nem a loucura do amor
Da maconha, do pó
Do tabaco e do álcool
Vale a loucura do ator
Quando abre-se em flor
Sobre as luzes no palco...

Bastidores, camarins
Coxias e cortinas
São outras tantas pupilas
Pálpebras e retinas...

Nem uma doce oração
Nem sermão, nem comício
A direita ou à esquerda
Fala mais ao coração
Do que a voz de um colega
Que sussurra "merda"...

Noite de estreia, tensão
Medo, deslumbramento
Feitiço e magia
Tudo é uma grande explosão
Mas parece que não
Quando é o segundo dia...

Já se disse não
Foi uma vez
Nem três, nem quatro
Não há gente, como a gente
Gente de teatro
Gente que sabe fazer
A beleza vencer
Prá além de toda perda...

Gente que pôde inverter
Para sempre o sentido
Da palavra "merda"
Merda! Merda pra você!
Desejo
Merda!
Merda prá você também
Diga merda e tudo bem
Merda toda noite
E sempre a merda....
 
Feliz dia e saravá pra mim, pros outros, praqueles e pro Alfredo Jr, saído dos terreiros de Serra Pequena direto pros rádios da minha casa. Aquele preto (que não era Gil) eu já gostava e era mítico ver o dono da voz, o homem que trabalhava no rádio. O rádio era uma coisa-sem-explicação.Desde quando ele já habitava a FM eu dançava de saias no alpendre de casa (com direito a vale-surra). Do teatro era só encanto e eu nem jeans tinha e nem os tropicalistas ouvia. Meus dedos eram tensos e minha voz alardeava em gritos o diabo já preso.
 
Depois foram escândalos e pontapés da mãe. O teatro me ensaiava pras clandestinidades de hoje. E o preto da Serra Pequena já come em casa e paga cervejas pra minha mãe.
O nome Farinha Seca representa toda a esquisitice dos anos 9. Entramos pro século XXI no dia 27 de março dos 2000. Muitos foram pra Sampa pra molhar a Farinha e nós por aqui e por lá, de sol a sóis.

13 de março de 2009

Conceitos pensados e repensados

15 de Dezembro a 15 de Fevereiro e 20 dias. Esse foi o tempo que fiquei como foragido do mundo das soluções (internet), chegando num grau de dependência (esclarecida). E concluindo como um uso obrigatório e necessariamente importante no dia-a-dia. Durante esse tempo voltei a frequentar a lan house. Tinha que aguardar 1 hora ou mais pra ficar apenas 30 minutos. A casa de Alfredo também serviu como um “Centro de auto-ajuda” para aqueles que não tinham internet em casa (que é o meu caso), mas não pensem que foi fácil ter uns minutos de contato com o computador, além de ser lugar privado e cheio de regras e horários, tive meu e-mail e Orkut atualizados.

O motivo de eu ficar 79 dias sem informação por esse meio de comunicação foi o cansado mal-estar de dias que passei na Hermes. Dormindo tarde por causa do vilão da história (internet) e sem disposição pra cumprir o meu trabalho com lucidez. Assim foram ocorrendo vários erros e poucos acertos na empresa, tendo como mãe, minha patroa Sonilda Nunes de Matos (acredito que às vezes ela me vê como filho). Mas dessa vez não foi como eu imaginava, ela me viu mesmo foi como um funcionário, pois existe um limite de paciência. Resolvi então corta o mal pela raiz: tirei a internet. Às vezes ela me comunicava umas reuniões, onde fazia perguntas pessoais, dando uma de psicóloga. E numa dessas sessões ela sugeria um centro espiritual, como uma sessão de descarrego... (Risos). Esse centro fica localizado no bairro Jeremias, na avenida principal. E olha que é um centro muito frequentado na cidade. Encontra-se várias pessoas na fila, antes mesmo de o galo cantar, que vão em busca de soluções definitivas para os seus problemas

Como um sobrevivente, estou por inteiro. Mas não foi graças a esse centro de reabilitação espiritual (risos). Foi aos meus próprios conceitos, pensados e repensados. Durante esse período de reabilitação pessoal (na minha própria casa), procurei interesses rotineiros pelos livros, filmes, viagens e atuando em ‘’Senhora dos Afogados’’. Esse projeto não é só flores no jardim. Como uma boa casa da mãe Joana (Alfredo Jr) tem seus contratempos, e uns deles é a falta de compreensão que alguns filhos (foda, filhos... mas vai) tem com seus irmãos, em determinadas situações, e na questão de horários não cumpridos. (Obs: a carapuça cai na cabeça de quem serve). Não vou ficar me martirizando, cobrando responsabilidade e amadurecimento perante o projeto que, por sua vez, foi mais uma vez removido de sua data divulgada.

E é isso... Agora dando a boa vinda pra internet. Vou me organizar para que não tenha mais esse tipo de aborrecimento, tanto no trabalho quanto nas coisas que completam o meu dia.

Comunicado: Não deixem de conferir a saga de uma mãe que sofre descontroladamente, em busca de reencontrar sua filha Lindalva. Roubada numa clinica na cidade de Rio de Janeiro por uma mulher misteriosa e com grandes distúrbios mentais, conhecida por Nazaré. Por favor, Quem encontrar e tiver alguma notícia, mande um e-mail ou ligue 9998-0998, Departamento de Comunicação da TV Globo.

Agradecimentos: Maria do Carmo, uma mulher guerreira, brasileira e NORDESTINA! Oxente! Cadê Minha filha Lindava?


Vinícius José

12 de março de 2009

Curto circuito de teatro em Euclides da Cunha


Dentro do calendário da 2ª edição do Março Do Teatro e do Circo, realizado pela Fundação Cultural da Bahia (Funceb), a Cia Teatral Foco (E. da Cunha) apresentará gratuitamente o espetáculo Fantoches (2º Melhor Espetáculo, no Festival Intermunicipal de Teatro Amador – Troféu Lázaro Ramos). A peça é a expressão que a Companhia usa para fazer uma crítica política e mostrar, ludicamente, o quanto há cidadãos manipulados, controlados pelo sistema.


21/03, 19h

Centro Educacional de Ruilândia


22/03, 19h

Centro Educacional de Carnaíba


23/03, 19h

Centro Educacional Profª Durvalina


24/03, 19h

Centro Educacional Profª Alice dos Anjos


25/03, 19h

Centro Educacional Antonieta Xavier


26/03, 19h

Centro Educacional Euclidense


27/03, 19h

Colégio Educandário Oliveira Brito



O Bando de Teatro Resistência (Camaçari) traz para a cidade a adaptação do clássico de Eurípedes. Medéia In Process é a história de uma mulher que deixou tudo para trás por conta de um grande amor e, após ser traída por ele, resolve se vingar.


03 e 04/04

Colégio Educandário Oliveira Brito

Grátis



Fonte: Fundação Cultural da Bahia


10 de março de 2009

FARINHA POUCA, MEU PIRÃO PRIMEIRO II


No sertão, tudo o que se realiza é motorizado a partir da chuva. Só dessa forma os comércios começam a brotar frutos de sensibilidade artística e estímulo para patrocinar os eventos relacionados, em especial, ao teatro. Mas parece que dessa vez São Pedro não quis nos apadrinhar ou está esperando seu tempo para lançar as suas bênçãos.

Então ficamos aqui, na espera. Além do mais, os trabalhos não estão nada adiantados; alguns atores estão em um barco-além, e outros estão quase se afogando (junto com as senhoras de Nelson Rodrigues). Mas os ventos ainda sopram a nosso favor, por isso é que a I MOSTRA DE THEATRO LIVRE foi transferida para abril – de 16 a 19. A tentativa é trabalhar o seu marketing durante a Semana Santa.

No planeta Euclides, o ano letivo ainda não começou e, como o teatro (do interior) tem uma forte ligação com a educação (só nós, profissionais cênicos, sabemos disso!) continuamos aqui, a ver navios...

Fortalecendo a nossa tripulação intelectual nesse porto de solidão... Sem a vigília dos fantasmas de Jessé, mas com os olhos observadores de Kátia, A Cega.

E salve os senhores do mar turbulento que é o teatro farinheiro. Oswald, Machado, Patativa e Nelson para toda a Mostra ser livre, pois não temos nada pra comemorar no mês do Teatro.


ALFREDO JR



6 de março de 2009

Novas novas

E Gildinha Passos nos deixará e tristeza e alegria. Passou no vestibular para Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade do Estado da Bahia. Vai pra outro mambo, outro mundo: Juazeiro, a terra do pai da bossa nova, João Gilberto. E a gente aqui, na torcida organizada sempre y siempre. Axé e sorte grande, Gil!

3 de março de 2009

QUE PENA, FICAMOS SEM O JUREMA PENNA!


[01] E ninguém meteu o dedo no angu. Perdemos o Edital de Circulação da Fundação Cultural da Bahia na categoria teatro. Saímos chupando o dedo. Nem Paulo Afonso, nem Euclides da Cunha, nem Camaçari verão a remontagem do espetáculo infanto-juvenil O Menino e o Louva-a-deus, cujo texto e direção são do homem multiuso Alfredo Jr.

[02] Quem disse que a gente para e chora? Como diz Euclides da Cunha... Ops! Ninguém suporta mais esta frase? Entonces censuremo-la! Fortes e de cara pra frente. Estamos vaporizando total: 15 de março, Quijingue em festa e aniversário! Quijingue em Prosa e Verso, do cordelista Edmário Reis, será recitado por nós todos e amém na I Feira de Cultura e Arte do Município.

[03] Tem mais e mais! No dia 16 de março será dada a largada para a I MOSTRA DE THEATRO LIVRE DE EUCLIDES DA CUNHA, com direito a oficinas e evoé. Oswaldinho, Machadinho, Nelsinho e Patativinha tomarão conta dos festejos do mês o TEATRO até o dia 29 de março.

[04] E dia 09 de março, Cansanção vai ver A MÁQUINA, às 20h e depois e depois Tucano, Monte Santo e Uauá.

[05] Sem dinheiro e com muita fome na barriga, pé em Deus e fé na tábua, estamos aqui e maravia. Pedindo axé e proteção e patrocínio do comércio local para a I MOSTRA sair voando e aleluia. Sem os 60 mil do Troféu Jerema Penna, a gente pede passagem pra carnavalizar a alegria toda.