1 de abril de 2014

viva!

Na foto, Felipe Benevides

v i v a
a voz insubordinada ante a farinha pouca da burocracia
a dignidade da renúncia a primeiros pirões paliativos, ralos e endurecidos, ofertados como pano pra boca
v i v a 
a fartura de vozes assanhadas! 
pois que alegria é saber que o teatro
- e todo fruto dessa atividade humana antes inominada nestas bandas, reduzida sempre ao porão dos assuntos,
relegada ao subeijo das percentagens nas planilhas orçamentárias dos governos
- embora independente e não condescendente com as migalhas -
retorne aos berros à roda dos assuntos caros
adolescente em sua inadequação ao presente
num avanço de alarme, peligroso, fronteiriço
nesta ação pujante de conjugar os vivos na arte da presença.
tem ameaça maior aos costumes, ao recalque, à demagogia
que essas crianças arrojadas em defesa de sua própria alegria?

je vous salue
pela aventura destes anos e os mais
v i v a

e que belo marco esta bandeira farpada em grãos ao vento
justo a vocês.
fez lembrar aquela flâmula que se impõe no avanço da vanguarda ao fronte e a bandeira branca dos resistentes no bojo da guerra
e, ainda mais, aquelas que são hasteadas no alto das casas de candomblé indicando que aquele é um espaço sagrado
evoé!

Felipe Benevides* via e-mail. 



*Felipe Benevides é graduado em Artes Cênicas com habilitação em Interpretação Teatral da Universidade Federal da Bahia. Oriundo de Euclides da Cunha (Bahia) onde iniciou sua atividade teatral em montagens nos grupos: Cia Teatral Farinha Seca e Cia Teatral Farrapos. Em Salvador, foi membro da Cia. Axé do XVIII de 2008-2009, com direção de Rita Assemany. Em 2011 ingressou na primeira turma da Universidade Antropófaga no TEATROFICINA UZYNA UZONA. Desde 2008 é membro (ator-pesquisador) do Grupo Alvenaria de Teatro, onde desenvolve pesquisa sobre a Arte de Ator. Com este grupo desenvolve práticas diárias e atua no desenvolvimento de oficinas, espetáculos e workshops.